quarta-feira, 23 de maio de 2012

Grupo IV da ficha de avaliação


Texto B
         A distância entre as duas margens não era grande e João Sem Medo morria de fome. Não hesitou, pois. Despiu-se e com a trouxa de roupa à cabeça penetrou no liquido esverdinhado de limos, crente de que alcançaria facilmente a nado o laranjal apetecido.
         Mas aconteceu então este fenómeno incrível: à medida que o nadador se aproximava da outra margem, a água aumentava de volume e a lagoa dilatava-se. Por mais esforços que despendesse para fincar as mãos na orla do lago, só encontrava água, água unicamente. A terra afastava-se.
         -Bonito! Estou dentro dum lago elástico – descobriu João Sem Medo, esbaforido.
         Mas fiel ao seu sistema de persistência enérgica não renunciou ao combate.
         As margens desviavam-se, mas o rapaz nadava, nadava sempre, com confiança plena nos seus braços, na força de vontade e no desejo de vencer.
         -Eh!, alma do diabo, sofre! – instigou-o por fim uma onda a deitar os bofes de espuma pela boca fora.
         Um peixe insurgiu-se com uma voz mole:
         -Assim não vale! Vê se acabas com isso. Eu e os meus camaradas peixes queremos dormir em sossego. Vamos, chora!
         Uma gaivota baixava de vez em quando para lhe insinuar, baixinho:
         -Então? Toma-te infeliz. Soluça. Berra. Chora. Lembra-te de que seguiste o Caminho da Infelicidade. Não faças essa cara de quem ganhou a sorte grande.
         Por último, uma coruja de mitra pequenina na cabeça e venda nos olhos – para voar de dia e de noite em perpétua escuridão – segredou-lhe ao ouvido:
         -Queres laranjinhas? Ouve a minha sugestão: representa a comédia da dor. Finge que sofres muito, sê hipócrita. Mente. Pede a esmolinha de uma laranja por amor de Deus. Vá! Não sejas tolo. Chora.
         Como única resposta, João Sem Medo repeliu a coruja, fez das tripas coração e desatou a cantar à sobreposse.
         Então, ao som do seu canto, por fora tão vibrante e viril, a fúria das águas amainou. O rugir das ondas amorteceu lentamente. Um murmúrio de desistência soprou pela superfície do lago. E João Sem Medo, com algumas braçadas vigorosas e seguras, logrou pôr o pé em terra perto do laranjal carregado de pomos de ouro.
         Claro, correu logo como um doido para a árvore mais próxima, sôfrego de engolir meia dúzia de laranjas. Mas, num lance espetacular, os frutos diminuíram rapidamente de volume até atingirem o tamanho de berlindes e – zás! – com um estoiro despedaçaram-se no ar.
         Humilhado, e a contar com nova surpresa desagradável, abeirou-se de outra laranjeira. Desta vez, porém, as laranjas transformaram-se em cabeças de bonecas doiradas e deitaram-lhe a língua de fora.
         -A partida anterior teve mais graça! – observou João Sem Medo. (…)
         Então, numa tentativa suprema, João Sem Medo acercou-se de outra árvore, sorrateiramente, em bicos de pés.
         Tudo inútil. Como se estivessem combinadas, as laranjas e as tangerinas do pomar desprenderam-se dos troncos, abriram pequeninas asas azuis e começaram a subir serenamente no céu.
         Apesar da fome, João Sem Medo, com os olhos fixos no espetáculo maravilhoso das bolas de ouro a voarem, não pôde reprimir este clamor de entusiasmo, braços erguidos para o ar:
         -Parabéns, Mago. Parabéns e obrigado por este instante, o mais belo e bem vivido da minha vida. Obrigado. Mas agora ouve o que te peço: desiste de me perseguir. Convence-te de que, para mim, a felicidade consiste em resistir com teimosia a todas as infelicidades. E vai maçar outro. Ouviste? Vai maçar outro.


Composição
         As aventuras de João Sem Medo não podem terminar por aqui. Agora que saltou o muro e fugiu da sua aldeia, Chora-Que-Logo-Bebes, o protagonista vai continuar a descobrir a Floresta Branca, que, à entrada, tem o seguinte aviso.
                  É PROIBIDA A ENTRADA A QUEM NÃO ANDA ESPANTADO DE EXISTIR.
         Tendo em conta esta proibição, serás o narrador da nova aventura de João Sem Medo. Escreve um texto narrativo, respeitando os seguintes aspetos:
- mantém o narrador na terceira pessoa;
- inclui uma descrição de um local assustador;
- inventa e caracteriza um novo habitante fantástico da Floresta Branca;
- mantém a coerência em relação ao texto que leste.


         João Sem Medo estava em sua casa quando decidiu saltar o muro e fugir.
         Chegou à floresta Branca e encontrou o seguinte aviso “É proibida a entrada a quem não andar expantado de existir”.
         Depois de ler o aviso, entrou na floresta. Era um lugar escuro onde o sol não penetrava, ouviam-se muitos ruídos estranhos e, a cada passo que se dava, sentia-se a insegurança.
         João Sem Medo caminhava, muito confiante até que ouviu uma voz:
         -Olá!
         -Onde estás? – perguntou ele, olhando para todos os lados à procura de quem teria dito aquilo.
         -Estou mesmo à tua frente. – replicou a voz.
         Olhou com mais atenção e viu uma árvore com uns olhos, uma boca e um nariz que lhe disse:
         -Até que enfim! Olá, o meu nome é árvore guia.
         -Olá! – exclamou João.
         -Sou a porteira desta floresta. – disse ela – Estou aqui para expulsar quem não respeita a regra.
         -Então não tens de me expulsar, adoro descobrir coisas novas e todos os dias me deslumbro com o que vejo e sinto. – disse ele – Gosto de viver!
         Despedindo-se da árvore começou a explorar a floresta, onde viveu diversas peripécias  e emoções fortes.






sexta-feira, 20 de abril de 2012

Oficina de escrita

Página 120 do manual P7

1.Elias vai seguir as pisadas do pai. Assume o papel de narrador e escreve um episódio vivido por Elias, referindo:

ü  o nome do livro (podes basear-te num livro que leste, numa história que conheces, ou num filme que viste);

ü  de que forma a personagem «entra» no livro;

ü  o espaço aonde vai para;

ü  as personagens que encontra;

ü  as peripécias que vive.



Texto

         Elias estava a explorar a biblioteca do pai para ver se encontrava algo interessante para ler quando encontrou o livro “A história de uma gaivota e do gato que a ensinou a voar” de Luís Sepúlveda. Como o título o tinha cativado ele pensou:

         - Vai ser este!

         Sentou-se numa poltrona, abriu o livro e começou a ler.

         À medida que ia virando as páginas entusiasmava-se cada vez mais, até que chegou a um ponto que deu consigo dentro da história. Tinha caído numa varanda de um apartamento onde se encontravam quatro gatos e uma gaivota já sem vida no chão.

         - Quem são vocês? – perguntou o rapaz.

         - Eu sou o Zorbas e estes são os meus amigos o Sabetudo, o Secretário e o Colonello. E já agora como é que te chamas? – disse o gato.

         Eu chamo-me Elias. O que é que aconteceu? – interrogou ele.

         Esta pobre gaivota acabou de morrer por causa do petróleo que se encontra no mar. – disse Zorbas.

         - E deixou um ovo para o Zorbas tomar conta dele até à gaivota nascer e ensina-la a voar. – afirmou Secretário.

         - Posso ajudar? – questionou Elias.

         - Claro! – exclamou Zorbas.

         Seguidamente fizeram um buraco onde enterraram a pobre gaivota. De seguida Elias ouviu:

         - Elias anda jantar!

         Era a sua mãe. Então Elias levanta-se da poltrona, guarda o livro e verifica que tinha adormecido enquanto lia o livro depois do seu cansativo dia na escola.

Intertextualidade

 Intertextualidade entre:

            
“Nós choramos o Cão Tinhoso” retirado do livro “Os da minha rua”




“Os livros que devoraram o meu pai”







“Os fantásticos livros voadores do Sr. Lessmore”




 
Palavras chave

Leituras                                Amizade                                        

                          Vida                                          Entrega                       

Imaginação               

                                                         Fantasia 

                            Sentir                                   

Dedicação                                                        Paixão


 
Texto

         Na sua forma, os 3 textos que comparamos são diferentes, já que um deles é um filme (mensagem icónica) e os outros dois são textos verbais narrativos, sendo contos de autor. Um foi escrito por Ondjaki o outro por Afonso Cruz.

         Quanto ao seu conteúdo ou mensagem transmitida, há em comum o facto de todos os textos retratarem que, quando num livro é lido, ele ganha vida porque nos leva a sentir (emoções e  sentimentos) a história. Nas 3 histórias, a personagem principal dedica-se de corpo e alma à leitura, deixando-se levar pela fantasia, para mundos imaginários.

segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Resumo

Os conselheiros de Califa      
      Na Arábia, havia um califa que confiava nas orientações dos seus dois conselheiros. Certo dia, foi decidido que o povo deveria pagar mais impostos, no entanto os conselheiros opuseram-se, e consequentemente/ por isso forma expulsos por tal ato. De seguida/ assim/ seguidamente, caminhando, cruzaram-se com um homem que os interpolou, no sentido de o ajudarem na busca do seu camelo. Entretanto, pela descrição apresentada/ exposta pelos sábios homens, o dono do animal deduziu que lho tinham roubado e reagiu de forma revoltada. Após tal reação, dirige-se ao califa, denunciando-os. Depois de ter ouvido a exposição dos acusados, que alertavam para a necessidade de pensar bem antes de (re)agir, califa admirou-se com o que lhe disseram. Finalmente, reconsiderou os factos e, desculpando-se readmitiu os seus homens que lhe deram uma grande lição.